Para ler nos dias de preguiça.

Sempre que fico meio desanimada para fazer qualquer tipo de exercício, recorro a esse texto do Dráuzio Varella sobre sua rotina de corredor. O médico, que já falou do bem-estar proporcionado pela cerveja após longas corridas (e aí já ganhou meu respeito), dá um senhor tapa na cara de quem inventa desculpas para não se exercitar. E, sempre que releio, sinto na hora a obrigação de levantar minha bunda da cadeira e me mexer. De repente funciona como estímulo para você também…  Confira alguns trechos:

“Se as pessoas fizessem mais exercício, ficar parado seria menos penoso para o corpo. Quando você é sedentário, você se levanta e logo tem que se sentar de novo — e aquilo não te descansa. Quando você corre bastante e senta, é uma sensação muito boa.

Sempre levo meu tênis quando vou viajar. Tem coisa mais gostosa do em um dia de congresso você se levantar cedinho para treinar? Corro 2 horas e depois passo o resto dia sentado, sem culpa, ouvindo as pessoas falarem sobre os assuntos de que eu mais gosto. É uma delícia.

Para mim, a corrida é um antidepressivo maravilhoso. Sou muito agitado, faço muitas coisas e a corrida também me ajuda a relaxar. É o momento em que fico em contato comigo mesmo, vejo minhas limitações, e isso me deixa mais com o pé no chão. Por isso não corro ouvindo música e prefiro treinar sozinho.

O exercício só é bom quando ele termina. Durante, é sofrimento. Às vezes você até libera uma endorfina no meio e dá uma sensação boa, mas o prazer mesmo vem quando você acaba.

Quem faz atividade física tem um envelhecimento muito mais saudável. Tenho quase 70 e não tomo nenhum remédio, peso 3 kg a mais do que na época da faculdade. As pessoas dizem: “Você é magro, hein? Que sorte!” Não é sorte, tenho que suar a camisa todos os dias.

Eu corro porque estou convencido de que o exercício físico é contra a natureza humana. Precisamos combater essa inércia. Nenhum animal desperdiça energia, ele gasta sua força para ir atrás de comida e de sexo ou para fugir de um predador. Com essas três necessidades satisfeitas, ele deita e fica quieto. Por isso é tão difícil para a maioria das pessoas fazer atividades físicas.

Um exemplo disso são meus pacientes. A grande maioria são mulheres com câncer de mama. Muitas passam por quimioterapia, perdem o cabelo, têm enjoos, fazem cirurgia para retirar parte do seio. E enfrentam esse processo com tanta coragem que fico até emocionado. Depois disso tudo, falo para elas que, se caminharem 40 minutos por dia, cortam pela metade a chance de morrer de câncer de mama. Esse índice é maior do que o da quimio, mas menos de 1% das minhas pacientes começam a fazer exercício. Vai contra a natureza humana.

Muita gente fala que não tem tempo de fazer exercícios. Dizem que acordam muito cedo para levar os filhos à escola, que trabalham demais, que têm que cuidar da casa. Antes eu até ficava com compaixão, mas hoje eu digo: isso é problema seu. Ninguém vai resolver esse problema para você.

Você acha que eu tenho vontade de levantar cedo para correr? Não tenho, mas encaro como um trabalho. Se seu chefe disser que a empresa vai começar um projeto novo e precisa que você esteja lá às 5h30, você vai estar lá. Você vai se virar, mudar sua rotina e dar um jeito. Por que com exercício não pode ser assim?

Nós temos a tendência de jogar a responsabilidade sobre a nossa saúde nos outros. Em Deus, na cidade, na poluição, no trânsito, no estresse. Cada um de nós tem que se responsabilizar pelo próprio bem-estar e encontrar tempo para cuidar do corpo. É uma questão de prioridades.

Se você não consegue fazer exercício de jeito nenhum, pelo menos tem que ter consciência de que está vivendo errado, que não está levando em consideração a coisa mais importante que você tem, que é o seu corpo.”

Leia o texto completo aqui.

Brigadeiro funcional

brigadeiroNão, obrigada. “Mas você nem sabe do que se trata!”. Não, obrigada. “Mas prova antes”. Não, obrigada. “É feito de biomassa de banana verde, mas nem parece. Fica uma delícia”. Só pode estar de sacanagem. Não, obrigada.

Já caí no conto da banana uma vez (para substituir sorvete) e prometi que não cairia nessa de novo. Mesmo torcendo muito o nariz para o tal brigadeiro funcional, feito com biomassa de banana, em vez de leite condensado (por que, senhor?), resolvi provar.

Primeiro susto: o preço. R$ 10 um potinho de vidro da versão “brigadeiro de colher”, enquanto os brigadeiros de verdade vendidos pelas ruas do centro custam R$ 1,50. Mas vamos lá. É uma vez. Só pra provar.

Segundo susto: não teve. Porque o gosto era mais ou menos o que eu esperava – nada similar a um brigadeiro.

Ainda bem, não tem gosto de banana. Nem de leite condensado. Tem consistência e gosto de mousse de chocolate. Eu não gosto de mousse. Logo, não gostei do tal brigadeiro funcional.

Você gosta de mousse de chocolate? Vai fundo. Pode ser um bom substituto pra larica. Mas, por favor, parem de chamar isso de brigadeiro. Não é brigadeiro. Quem chama isso de brigadeiro, nunca abriu uma lata de leite condensado e misturou com Nescau e comeu a mistura ali mesmo, na panela, de pijamas, enquanto vê alguma comédia romântica num sábado chuvoso.

Brigadeiro é o maior e melhor doce de todos os tempos. Não tem substituto, não tem “troca inteligente”, não tem dieta. Está acima de tudo e todos na escala Willy Wonka de guloseimas. É único. É insubstituível.

Como mousse? Nota 10 para o brigadeiro funcional.
Como brigadeiro, nota zero.